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EU FUI! VI Fórum da Internet – 11 a 13 de julho de 2016

Pelo segundo ano consecutivo tive a alegria de ser agraciado com auxilio-participação para ir ao Fórum da Internet. Enquanto bolsista, tive a oportunidade e a possibilidade de emitir minha opinião em alguns momentos e aprender muito com as experiências dos demais participantes.

Este texto será diferente dos demais post que faço sobre eventos, normalmente eu faço um relato de como foi o evento, quem esteve presente e o que foi apresentado. Neste post irei apresentar algumas das reflexões que tive durante o evento nas quais irei trabalhar melhor ao longo do ano.

Dia 01 – Cuidados com mitos da proteção e do mérito

No primeiro dia de evento, os participantes tiveram a oportunidade de escolher uma entre as 04 trilhas disponíveis. Optei pela Trilha 3 – Conteúdos e Bens Culturais, assisti a palestra de abertura que ocorreu antes das trilhas e depois fui resolver minha situação no hotel.  Como só retornei na hora do almoço, perdi a apresentação dos palestrantes convidados para a trilha, mas ao chegar vi 03 perguntas na tela e tive que me juntar a um dos grupos para debater, escolhi o grupo da pergunta 01:

  • Construção de uma agenda para o desenvolvimento, no Brasil, da economia política da cultura e de cadeias produtivas relacionadas às artes e cultura, práticas culturais, preservação e documentação de tradições, apoiadas em ferramentas digitais, principalmente Internet, contemplando atores de diversos setores;

No primeiro momento optei em apenas ouvir, já que não participei da programação da manhã, queria me inteirar do assunto primeiro, numa pequena participação falei apenas que precisamos preparar mais os produtores culturais sobre como usar todo o potencial das ferramentas digitais, pois muitos desconhecem quais são e como usá-las.

Artur Araújo no microfone opinando sobre a trilha de Conteúdos e Bens Culturais
Minha participação na trilha de Conteúdos e Bens Culturais

No final da trilha foi ouvido o relato dos 03 grupos, o que participei e mais dois, um sobre direito autoral e outro sobre educação, cultura e internet. Entre os debates que ocorriam tinha um sobre o que é pirataria e se devemos proibir ou não, ao ouvir os pontos de vista divergentes, fiquei com uma inquietação sobre um dos termos usados, o compartilhamento.

Quem me conhece sabe que sou defensor do compartilhamento de ideias e talvez eu até tenha me expressado mal na minha fala final ao microfone, mas precisei colocar algo que me surgiu ali no momento: até que ponto este compartilhamento não prejudica pessoas que produzem conteúdos e beneficia quem não produz? Quando um vídeo, que foi compartilhado numa mídia social sem autorização do autor é compartilhado muitas vezes, o autor deixou de ganhar algo e alguém ganhou, no caso a própria mídia que colocou anúncios próximos aquele vídeo, daí vêm os questionamentos: houve a pirataria? Existiria uma forma de recompensar o autor? Ele tem direito de solicitar a sua retirada e/ou exigir algo da mídia? Meus questionamentos não precisam chegar no discurso da proibição, bloqueio ou algo do gênero, até mesmo porque vai contra muita coisa que foi debatida no evento. Eu mesmo acredito que a proibição prévia não seja a melhor opção.

No meu caso, sempre que eu vejo um vídeo, animação, gif ou imagem legal eu tento procurar o perfil do autor original, assim pelo menos eu garanto uma audiência para o mesmo. Caso o conteúdo esteja em um local que permite remuneração, como no caso o canal do Youtube, ele ganhará parte da receita dos anúncios, o valor não é tão grande, mas já é uma receita.

Foi debatido também que certos modelos de negócios estão perdidos e até foi citado o caso do modelo comercial musical de venda de CDs, o quanto o poder do compartilhamento da internet pode ajudar um artista a obter uma audiência e consequentemente converter isso em show, daí me surgiu uma outra inquietação, o tal do mérito, se é bom, vai bombar na rede e conseguir seu lugar ao sol. Discordo disso, pois o domínio da ferramenta faz diferença, poder aquisitivo e acesso à tecnologia pode definir quem vai vencer. Nem todos os produtores culturais sabem usar a web com maestria, nem todos tem dinheiro para comprar um bom smartphone ou tem acesso à internet banda larga para publicar suas criações sem contar que se a produção da música, vídeo, seja lá o que for não for de qualidade não terá os mesmos resultados de quem tem mais recursos.

Vai ter gente que vai citar pessoas desconhecidas, as quais mesmo com uma produção de baixo orçamento conseguiram bons resultados, mas a grande maioria não consegue resultados concretos, mesmos com os inúmeros views, pois nem conseguem monitorar direito o que está sendo compartilhado sobre o seu trabalho, quem está compartilhando e como aproveitar. Reforço que precisamos melhorar muito o acesso à internet para todos os produtores e precisamos dar qualificação profissional no uso das ferramentas digitais e também de empreendedorismo e marketing digital.

Claro que essas são as minhas inquietações, não a conclusão do debate que foi riquíssimo e bem mais amplo do que postei aqui, algumas coisas do que falei há consenso e outras dissensos do relatório geral.

Aconselho todos a lerem: http://forumdainternet.cgi.br/library/

Dia 02 – Mais direitos e respeito

No segundo dia assisti aos seminários “Tolerância e Diversidade na Internet” e “Internet para Outro Mundo Possível”, além da desconferência “Meetup Hackathon Gênero e Governança da Internet pré #IGF2016”, temas de que alguma forma se entrelaçaram na minha cabeça devido a proximidades entre eles. Confesso que há alguns assuntos que não lembro exatamente em qual dos 03 eu ouvi, mas que me geraram algumas inquietações.

Começo as reflexões do segundo dia pela frase de Vint Cerf “a Internet é um espelho que reflete a sociedade”, lembrada por Demi Getschko, um dos participantes do segundo seminário citado. Se existem crimes e preconceitos na internet é por que existe no mundo real e lá só ganhou uma maior repercussão, mas a internet também virou um campo de defesa de direitos humanos. Alguns palestrantes citaram os debates da cultura do estupro, a campanha #MeuAmigoSecreto entre outras, além de escancarar machistas, homofóbicos, racistas etc. Outro ponto muito falado é que não podemos usar os crimes cibernéticos e publicações preconceituosas como desculpas para  haver proibição prévia, pois o direito de liberdade de expressão precisa ser garantido, porém quando for o caso as pessoas precisam arcar com as consequências de seus atos.

Daria para escrever muito sobre o que vi nos dois seminários, mas o texto ficaria muito grande. Quem quiser marcar uma conversa sobre os temas é só marcar que vou com o maior prazer.

Queria registrar meus parabéns às organizadoras da desconferência de gênero e internet e ao evento por ter cedido o espaço. Foi um aprendizado fantástico ver as mulheres apresentado suas realidades, pena que havia poucos homens na plateia, apenas eu e mais um. Nós homens precisamos ouvir mais o que elas têm a dizer, pois com muita tristeza sei de muitos homens e algumas mulheres também que insistem em dizer que não existe machismo no mundo atual. Na próxima poderia ter uma mesa só com mulheres no auditório principal, #FicaDica para a organização.

Foto da desconferência de gênero e internet
“Meetup Hackathon Gênero e Governança da Internet pré #IGF2016”

Dia 03 – Consentimento da coleta de dados não pode virar um contrato com o diabo

No último dia participei de um seminário fantástico: “Big Data – oportunidades e desafios jurídicos, políticos e sociais”, um excelente debate sobre o equilíbrio sobre o direito å privacidade e promoção de inovação e novos modelos de negócio por meio do uso de ferramentas de “Big data”. Mais uma confissão, já tinha compreensão sobre a questão da privacidade, mas minha mente se abriu muito depois deste debate, pois deu para perceber o quanto a coleta e o uso dos dados pode alavancar negócios e gerar bons serviços para sociedade, mas é importante um certo equilíbrio e muita ética para não deixar dados sigilosos das pessoas,  intencionalmente ou por acidente, expostos.

As vezes damos consentimento às marcas para coleta de alguns dados e determinados usos e há um abuso por parte das empresas, além de venda e cruzamento indevidos. Ainda há muito para se debater sobre o assunto, pois a “big data” e uma realidade e só tem a crescer.

Foto do Seminário "Big Data - oportunidades e desafios jurídicos, políticos e sociais"
Seminário “Big Data – oportunidades e desafios jurídicos, políticos e sociais”

Organização

Faz tempo que eu não vou em um evento tão organizado. Gostei muito da estrutura do FIERG e o CGI.br soube aproveitar muito bem o espaço, vamos aos pontos de destaque:

  1. Todas as salas tinham WI-FI e tomadas espalhadas, sim, havia extensões por toda a sala;
  2. Intervalos para o café de manhã e da tarde em boa quantidade e muito saborosos;
  3. Várias opções de restaurante, além de food trucks fora do teatro. No restaurante em que os bolsistas comeram a comida está muito boa, sim, também pagaram o almoço para os bolsistas;
  4. Tinha uma torre de tomadas no hall! Sempre irei lembrar das tomadas rsrs;
  5. Kit-participante com bolsa, bloco de anotações, caneta e mapa da cidade;
  6. Controle permanente do tempo das falas, às vezes passava, mas não chegou ao ponto de prejudicar o andamento do evento;
  7. Excelente equipe, muito atenciosos e eficazes;
  8. E claro, uma excelente programação.

Nesse texto apresento algumas das reflexões que tive ao participar do evento. Para saber como foi, aconselho a lerem os relatórios, que serão disponibilizados no site do Fórum e os vídeos do evento disponibilizado no canal do CGI no Youtube.

Vou levar este aprendizado para os próximos eventos que eu participar em Belém e em 2017 farei de tudo para ir novamente.

Fotos: Alexandre Rodrigues (https://www.flickr.com/photos/nicbr)

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Artur Araújo

Atuo há 17 anos em diversas áreas dentro do marketing atendendo clientes de pequeno, médio e grande porte. Tenho um perfil data-driven e possuo experiência com gestão de pessoas e processos de negócios, marketing e vendas

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